Pugliese explica divergência com presidente e diz que aceitaria voltar ao XV

Tarcísio Pugliese foi demitido do XV de Piracicaba na última semana após o clube alegar problemas financeiros mesmo com R$ 1,2 milhão recebido por chegar a segunda fase da Copa do Brasil e prestes a embolsar cerca de R$ 1 milhão pela venda do goleiro Mateus Pasinato. Sem acreditar no motivo dito pelo clube, o treinador crê que uma divergência com o presidente Arnaldo Bortoletto culminou em sua demissão.

Em entrevista à Rádio Piramundo, Tarcísio Pugliese disse que ficou definido em maio que o XV de Piracicaba renovaria o contrato com os jogadores que teriam o vínculo vencido nesse período, mas com uma redução de 50% e enquanto os treinos não voltassem, os atletas receberiam apenas 20% do valor. Os jogadores que tinham contratos longos embolsariam 50% agora e o restante seria quitado quando fosse possível.

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No dia seguinte à reunião em que foi decidido isso, Pugliese foi o escritório de Arnaldo Bortoletto para conversar sobre o que seria feito em relação ao seu pagamento.

 “Ele me perguntou o que estava disposto a fazer. Eu falei que seria justo fazer a mesma coisa que foi feito com os atletas que tinham contrato: receber 50% agora e 50% quando der. E ele disse que não. Ele disse que queria rescindir comigo e fazer um novo contrato me pagando metade do valor. Eu disse que não queria rescindir o contrato, falei para ele tudo que tinha aberto mão, que o mercado ficaria complicado com a pandemia e que queria cumprir meu contrato até o final”, disse o treinador.

“Eu propus para ele que tirasse 25% do meu salário, portanto receberia 75%. Eu disse para ele pagar metade agora e outra metade quando puder. Ele não quis, rescindiu meu contrato e eu abri mão de valores significativos para ajudar o clube. A rescisão foi enviada, mas o novo contrato nunca recebi”, disse.

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Em meados de junho, Tarcísio Pugliese revelou que não havia recebido o pagamento, diferentemente do restante da comissão técnica e do elenco. Em meio a isso, ele recebeu uma proposta de um time com calendário nacional. Diante desse cenário, ele resolveu ligar para o presidente.

“Eu liguei para o Arnaldo e perguntei por que não foi feito meu pagamento. Ele disse: ‘Vou te pagar quando você voltar a trabalhar’. Respondi: ‘Por quê? Eu estou trabalhando dentro do que posso fazer. O Evandro Peligrinoti (assessor) me liga e eu dou entrevista, gravo vídeo para a lojinha, dou treino online segunda, quarta e sexta, falo com os atletas...estou trabalhando com as limitações que a pandemia provoca. Me fala se você não quer me manter, porque eu tenho uma proposta (da Série C). Aí eu já acerto agora pelo menos’”, disse.

“Ele pediu até o final da semana. Futebol não tem duas horas para você responder se vai assumir o time ou não. A equipe contratou outro treinador”, continuou.

Na sexta-feira, dia 26 de junho, Tarcísio Pugliese recebeu uma ligação de Arnaldo Bortoletto para falar sobre os salários. Foi nesse momento que os dois divergiram, motivo que, segundo o treinador, pode ter sido o verdadeiro para a demissão.

“Ele me ligou e disse que tinha dois meses de 50% para pagar e perguntou quais meses eu queria receber. Eu respondi: ‘Não é quais meses eu queria receber, quero receber o que a gente combinou. Preciso receber como todo mundo está recebendo. Não foi isso que combinamos’. Ele disse: ‘Nós não combinamos’. Respondi: ‘Se não combinamos nada, você tem que me pagar os 100% de maio e junho. Se você vai me mandar embora hoje, eu tenho que receber maio e junho 100%’. Ele disse que não era isso e etc. Eu disse: ‘Então você está sendo desonesto’”, contou, antes de revelar que ligou para pedir desculpas posteriormente.

“Depois de um tempo, liguei para ele e pedi desculpa. E falei que ele estava errado, mas pelo fato de eu ter te chamado de desonesto pedi desculpa, até pela diferença de idade. Não deveria ter feito isso. Errei, fiquei nervoso. Ele também não gostaria de trabalhar em uma empresa que todo mundo está recebendo menos você”, finalizou.

 
 
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Tarcísio Pugliese deu sua versão da história após demissão do XV de Piracicaba. (link para a matéria completa na bio) E aí torcedor, a decisão foi correta?

Uma publicação compartilhada por Escanteio SP (@escanteiosp) em 9 de Jul, 2020 às 5:51 PDT

Vale ressaltar que a demissão de Tarcísio Pugliese foi tomada exclusivamente por Arnaldo Bortoletto. Apesar da demissão já ter sido anunciada, o treinador revelou que ficou sabendo de uma reunião em que os jogadores pediram sua permanência e disse voltaria ao Nhô Quim caso o presidente volte atrás.

“Quando os atletas pediram uma reunião com ele, o Arnaldo sinalizou que poderia voltar atrás. Os atletas pediram minha permanência e disseram que era importante para o acesso naquele momento, que esperasse pelo menos até o final do Paulista. Ele disse que iria repensar e estava disposto voltar atrás”, disse.

“Eu não tenho vaidade nenhuma. Agora se comparar o sentimento de carinho pela torcida e vontade de subir o XV... não tem como comparar. Voltaria, ficaria. Não tenho problema nenhum com isso. Se eu voltar, não vou ficar olhando torto para o Arnaldo. Esquece, isso passou e vamos em frente. Discutir é da vida e vamos resolver os problemas”, finalizou.