Exclusivo: técnico do Taubaté feminino fala sobre reta final do Brasileirão e expectativa para o Paulistão
Arismar Júnior comentou sobre a premiação histórica e os objetivos do Taubaté feminino na competição estadual
A vitória no último sábado por 3 a 0, fora de casa, contra o Ipatinga colocou o Taubaté bem perto do acesso para o Campeonato Brasileiro Feminino da Série A2, a segunda divisão nacional. Agora, a equipe do Vale do Paraíba recebe neste sábado (23), a partida que pode sacramentar a promoção do Burro da Central.
Em entrevista exclusiva para o Escanteio SP, o treinador Arismar Júnior disse um pouco sobre essa reta final de Brasileirão e a preparação do AD Taubaté para o Paulistão Feminino, que terá início no dia 10 de agosto e contará com uma premiação recorde.
Leia a entrevista exclusiva de Arismar Júnior do Taubaté feminino para o Escanteio SP:
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Nicola Ferreira – Eu sei que vocês estão no meio da disputa do Brasileirão Feminino, mas falando de Paulistão, quais são os objetivos do Taubaté para esse Paulistão Feminino?
Arismar Júnior – O principal objetivo nosso é estar entre os oito primeiros colocados. Mais uma vez é a classificação. Vão classificar os quatro primeiros para a fase semifinal. Mas depois tem a Copa do Paulista. Então, nossa ideia é estar entre os oito primeiros para que a gente possa continuar lutando no decorrer do calendário.
Vocês esperam segurar o elenco para o Paulistão feminino?
Nós temos contrato com elas até dezembro, então a mesma equipe vai jogar o paulista.
As atletas já possuem registro profissional ou ainda estão no registro amador?
São todas amadoras. Desde 2019, o Taubaté feminino é separado do Taubaté masculino. Tanto que o Taubaté masculino é Esporte Clube Taubaté. E o feminino é a Associação Desportiva Taubaté. Essa separação, no papel, aconteceu em 2019 por questões burocráticas que seriam mais fáceis para nós do feminino. É mais independência e poder para gerir essa parte do departamento de futebol. A nossa parceria ainda é com o Esporte Clube Taubaté, tanto que nós jogamos no Joaquinzão, mas o Esporte Clube Taubaté é separado da Associação Desportiva. Hoje, nós temos o nosso presidente, nós temos o CNPJ que joga. A AD Taubaté está aí conseguindo construir algo bacana nesse histórico do futebol feminino.
A AD Taubaté é um projeto com foco no desenvolvimento de atletas?
Nós somos uma equipe que tem como status principal a formação de atleta. Nós formamos e revelamos atletas. Se você pegar a Série A1, quase todos os times você vai encontrar uma atleta revelada pelo Taubaté. Então, você vai pegar a zagueira do Corinthians. A zagueira e a atacante do Cruzeiro. Em todas essas equipes existem atletas reveladas pelo Taubaté, esse é o nosso status principal. É revelação. Mas nós entendemos que para poder jogar um campeonato do nível que é um Campeonato Paulista, nós precisamos trazer atletas já formadas. A ideia é essa: apostar na nossa categoria de base e apostar em algumas atletas com um pouco mais de bagagem.
Falando de jogadores mais experientes, você disse agora a pouco que todas as peças têm contrato até dezembro para o Paulista. Vocês já estão sondando novos nomes ou vai com o elenco sem modificações?
Vamos com o mesmo elenco. A ideia é permanecer com essa equipe até dezembro. Nós temos já o acordo com elas mantido. E nós vamos permanecer. Pode acontecer de um ou outro reforço, mas devem ser peças bem posicionais. Uma ou duas atletas no máximo.
Qual a sua opinião sobre o nível deste Paulistão?
Em termos de competitividade, eu acredito que se ele não for o segundo campeonato mais complicado ele bate muito próximo ali do primeiro junto, que é a Série A1. As principais equipes estão aqui. A gente vai pegar Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos e Ferroviária. É muito competitivo e com certeza vai ser para mim desde que eu voltei, o mais difícil e o mais competitivo.
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O Paulistão de 2022 terá a maior premiação da história da modalidade no país. Vocês foram pegos de surpresa com o valor da cota?
Sim, o valor dessa premiação foi uma surpresa. Eu sabia já pelas conversas que nós vínhamos tendo nos últimos anos que para nós subirmos um degrau, nós precisaríamos de uma cota auxiliar. O que acontece aqui em Taubaté? Somos uma equipe que tem CNPJ próprio, mas é mantido pela Prefeitura Municipal de Taubaté. Então, todas essas atletas recebem bolsa auxílio, tudo legalizado através da Prefeitura Municipal de Taubaté. Só que para nós darmos um salto a mais, nós precisaríamos de apoio vindo da iniciativa privada, que essa cota vai trazer para nós. Então, eu esperava que viesse o anúncio de uma cota que nós já havíamos conversado em outras reuniões, mas nós fomos surpreendidos de forma positiva de uma cota acima do que nós esperávamos. Uma grata surpresa, que vai principalmente ajudar as equipes pequenas. Tanto nós quanto a Realidade Jovem, Pinda, São Bernardo, equipes que vão poder se fortalecer, que vão poder ofertar para as atletas uma estrutura ainda melhor do que já oferecem para que as equipes pequenas possam ter mais corpo. Mais fortalecidas para podermos bater com as camisas de mais peso.
Como é feita a captação de talentos para o Taubaté? Tem algum projeto na região do Vale do Paraíba?
Nós temos uma escolinha em Taubaté, que conta com 60 meninas de Taubaté treinando. Nossa escolinha é aberta para as meninas de Taubaté que queiram aprender a jogar futebol. Então, às vezes, a gente brinca: você que nunca chutou uma bola mas tem vontade. É uma escolinha. Lá tem um professor que vai ensinar ela desde o começo até ela poder evoluir. Quando ela evolui, ela vai para outra categoria de base, o Sub-15. Nós ficamos dois anos parados com essa escolinha devido à pandemia. Voltamos esse ano. Então, a atleta chega na escolinha e aquelas que vão se despontando sobem para a categoria de base. E dali, ela vai até chegar na categoria principal. É uma receita que dá certo. Tanto que eu tenho algumas atletas hoje no adulto, algumas titulares que vieram dessa escolinha. Então você vai pegar a Carol Franco, que é a minha lateral direita, veio dessa escolinha, chegou com quatorze anos e hoje ela é uma titular que joga na categoria principal. Entre elas tem a goleira, tem a zagueira, então tem outras meninas, que estão na equipe principal que vieram dessa escolinha, fizeram esse processo. Também temos alguns amigos do Futebol Feminino que indicam jogadoras. É importante a gente entender isso. Às vezes alguém do masculino indica uma atleta e quando o atleta chega ele não é aquilo que nós esperávamos. Mas quando é alguém do feminino que indica, principalmente aqueles que nós já conhecemos, nós damos uma atenção muito bacana porque a gente acredita que possa ser realmente promissor. Então nós temos hoje por exemplo a atacante Lidiane, que é de uma cidade vizinha e que foi um colega de lá que me indicou, que quando chegou aqui nós acreditamos nela e estamos incentivando e apoiando ela para que ela possa se desenvolver cada vez mais. Temos a nossa categoria de base em Taubaté, temos os olheiros aqui e através de vídeo nós vamos captando atletas do Brasil inteiro que nós possamos olhar e identificar algo parecido com a nossa identidade e aí nós começamos a construir algo do zero com elas e quase sempre dá certo.
Qual a sua avaliação da campanha do Taubaté Feminino na Série A3 do Brasileirão? Como controlar a ansiedade das atletas nesta reta final?
Nós conseguimos o objetivo com êxito, isso vai fazer com que o ano seja ainda mais promissor. Mas agora é focar agora no que nós temos. A equipe passou por um processo que foi amadurecendo muito. Então, no começo, era para ter saído uma data. O campeonato não aconteceu naquela data. E começamos através de um trabalho interno controlar aquela ansiedade. Então elas já chegaram maduras nesta fase do campeonato, porque passaram por um processo de evolução. Então, a equipe está focada, ela sabe o que tem que fazer, sabe que vai ser um grande desafio, é um grande adversário, mas nós sabemos da nossa qualidade e também estamos prontos para fazer um bom trabalho, o nosso melhor e acreditamos que nós possamos conseguir o nosso objetivo principal.
Arismar, o espaço agora está aberto para você convocar o torcedor para a reta final da A3 e para o Paulistão.
Primeiro agradecer pelo espaço para estar falando aquilo que eu mais gosto, que é o futebol feminino. E convidar o torcedor para que ele possa comparecer no estádio. Nós tivemos um grande número de torcedores no último jogo. Foi fundamental para que a equipe pudesse representar em campo da forma que ela representou. Então, nós contamos com o nosso torcedor, nós contamos para que ele possa ir ao estádio no Brasileirão da Série A3, no Paulistão para nós podermos ter o décimo segundo jogador do lado de fora, jogando como ele joga e contribuindo em campo para sermos mais exitosos nas nossas evoluções e nos nossos crescimentos em busca de um futuro construindo cada vez melhor.
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