Como a maioria dos times de futebol do Brasil, o Juventus tem sofrido com a pandemia de Covid-19 e a consequente paralisação do esporte. Conforme divulgado em documento na última semana, entre março e maio, o clube da Mooca teve mais de R$ 2 milhões a menos de entrada de dinheiro em comparação à receita prevista.
Segundo o documento, o Juventus esperava receita de R$ 4,9 milhões entre março e maio de 2020. Porém, com várias fontes de renda comprometidas pela pandemia, o clube arrecadou apenas R$ 2,7 milhões, aproximadamente 55% do esperado, representando um déficit orçamentário de cerca de R$ 2,2 milhões. Mais da metade do valor total (R$ 1,5 milhão) entrou nos cofres no mês de março, com abril e maio correspondendo a pouco mais de 44% da renda.
Relacionadas
No período, o Juventus afirma que cortou gastos com funcionários e serviços, renegociou contratos e postergou o pagamento de tributos. Mesmo assim, as despesas foram maiores do que a receita. Entre março e maio, foram R$ 2,8 milhões em gastos, sendo 50% do total no mês de março.
Entendendo os números
Enquanto durar a pandemia de Covid-19, o Moleque Travesso terá de sobreviver com orçamento apertado, já que praticamente todas as fontes de renda do clube exigem aglomerações, que devem ser evitadas no momento pela evidente questão sanitária. "Eventos sociais", que corresponderam a cerca de 11% da arrecadação de fevereiro e 17% em março, não ocorreram em abril e maio.
Além disso, o impacto econômico da pandemia também refletiu na conta, uma vez que as receitas com mensalidades de sócios e taxas de manutenção caíram cerca de 60% entre fevereiro (cerca de R$ 861 mil) e maio (cerca de R$ 346 mil). As "receitas indiretas" sofreram golpe maior ainda: foram de R$ 493 mil em janeiro para apenas R$ 25 mil em maio, representando uma queda de quase 20 vezes. Em abril, o valor foi de R$ 84 mil.
As despesas também foram cortadas, mas de forma menos acentuada. Gastos com pessoal diminuiram de R$ 636 mil em fevereiro para R$ 357 mil em maio. Em abril, o número foi ainda menor: R$ 330 mil. Gastos com utilidades e serviços também foram cortados: foram de R$ 358 mil em fevereiro, atingiram pico de R$ 566 mil em março e caíram para menos da metade em abril (R$ 246 mil) e maio (R$ 266 mil).
Como fica o futebol?
Apesar de inativo há mais de três meses, desde que venceu o Red Bull Brasil em Campinas no dia 14 de março, o futebol trouxe uma receita inesperada em maio. O Juventus recebeu R$ 150 mil do Cruzeiro pelo empréstimo de Pedro Rocha junto ao Spartak Moscou, da Rússia. O atacante, hoje no Flamengo, defendeu o Moleque Travesso entre 2011 e 2014, o que dá direito a uma porcentagem das eventuais negociações envolvendo o atleta pelo mecanismo de solidariedade.
No entanto, o Moleque Travesso deixou de arrecadar com as partidas na Rua Javari. Nas seis partidas que disputou em casa, o time grená somou pouco mais de R$ 125 mil de renda líquida, de longe a maior da Série A2, na qual boa parte das equipes têm renda líquida negativa nos jogos. O único compromisso que deu prejuízo (cerca de R$ 2 mil) foi a vitória por 2 a 0 sobre o Audax, único jogo em casa disputado durante a semana.
Dessa forma, o Juventus deixará de arrecadar pelo menos R$ 50 mil uma vez que os dois jogos restantes como mandante seriam em sábados, às 15 horas. Com dia e horário favoráveis e a equipe brigando pela vaga na fase final, a Rua Javari certamente receberia bom público. Essas partidas, porém, provavelmente serão realizadas sem público quando o campeonato retornar.
Os gastos com o futebol profissional também foram bastante reduzidos até maio, uma vez que a maioria dos contratos dos jogadores e da comissão técnica encerraram entre abril e maio. Clube e elenco fizeram um acordo para parcelar os últimos vencimentos, que serão pagos futuramente.
No momento, apenas jogadores promovidos da base têm contrato com o Juventus, como Douglas, presente no elenco da Série A2 deste ano. Dener e Bahia, que atuaram na Série A3 por empréstimo, também têm contrato, mas a princípio não podem atuar pela equipe na A2.
Os demais jogadores, que corresponderam a todo o time titular e à maioria dos reservas, estão livres no mercado, mas aguardam uma resposta do Juventus à proposta de renovação com redução dos vencimentos para um salário mínimo, que permitiria encerrar a Série A2 disputando o acesso à primeira divisão sem prejudicar a economia da instituição. No documento, o clube afirma que aguarda definição da Federação Paulista de Futebol para agir.