Tida como grande favorita ao título da Copa Paulista após ser campeã da Série A2 com sobras, a Portuguesa esteve próxima de ser eliminada na primeira fase. O time comandado por Sérgio Soares precisou do saldo de gols para ficar à frente do Oeste e avançar como um dos melhores terceiros colocados. Mas o que mudou em tão pouco tempo da Lusa vencedora da Série A2 para uma equipe que teve dificuldades para ir ao mata-mata da Copa Paulista?
Elenco é praticamente o mesmo
Dos jogadores que fizeram mais de cinco partidas na Série A2, apenas o zagueiro Patrick, o lateral-esquerdo Eduardo Diniz, os meias Danilo Pereira e Geovani e os atacantes Gustavo França e Luan não ficaram no time para a Copa Paulista - Luan voltou após disputar a Série C pelo Floresta-CE. Desses atletas, apenas Patrick, Diniz e França eram titulares da equipe no estadual. Curiosamente, o trio está próximo ou já conquistou um acesso nacional. Eduardo Diniz subiu com o São Bernardo na Série D, enquanto Patrick e Gustavo França fazem parte do elenco do ABC-RN, líder de um dos grupos da segunda fase da Série C.
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Para repor essas perdas e se reforçar, a Portuguesa contratou os zagueiros Robson e Bruno Leonardo, o lateral Samuel Balbino, o volante/meia Thiago Primão e os atacantes Gustavo Custódio e Richard. Todos esses jogadores perderam boa parte da preparação ou toda a preparação do clube para a Copa Paulista. O primeiro jogador oficializado foi Primão, no dia 20 de junho, a menos de duas semanas para o início do torneio. Balbino e Bruno Leonardo foram contratados durante a primeira fase.
Lesões se tornam problema
As lesões se tornaram um grande problema para a Portuguesa na Copa Paulista, sobretudo na defesa. Os zagueiros Flávio Boaventura e Luizão Barba tiveram lesões sérias na reta final da Série A2 e não puderam disputar a Copa Paulista. O lateral-direito Railan foi outro jogador com boa minutagem na Série A2 a se lesionar e ficar de fora da primeira fase.
Três atletas considerados titulares perderam algumas partidas da Copa Paulista. O atacante Anderson Ligeiro foi ausência em boa parte da preparação e só voltou para o segundo turno da primeira fase. O goleiro Thomazella perdeu quatro das cinco partidas do segundo turno, enquanto o zagueiro Naldo ficou de fora todo o segundo turno.
Ataque mantém produção, mas “Daniel Costa dependência” aumenta
Proporcionalmente, o ataque da Portuguesa tem marcado na Copa Paulista o mesmo número de gols que fazia na Série A2. Em 21 jogos do estadual, a Lusa marcou 29 gols, o que resulta em uma média de 1,38. Na Copa Paulista, foram 14 gols em 10 jogos, resultando em 1,4 por partida.
No entanto, a forma com que esses gols foram construídos mudou. Na Série A2, 20 gols foram feitos com a bola rolando, ou seja, quase 70%. Já na Copa Paulista esse número caiu para 50%. Dos 14 gols marcados pela Portuguesa na competição até aqui, sete nasceram a partir da bola parada, sendo dois de pênalti.
O crescimento da importância da bola parada tem mostrado uma “Daniel Costa dependência”. Na Série A2, o camisa 10 da Portuguesa marcou quatro gols e deu sete assistências. Deste modo, ele participou diretamente de 38% dos gols da Lusa na competição. Na Copa Paulista, em 10 jogos, ele fez dois gols e deu seis assistências. Ou seja, ele participou diretamente de 57% dos gols.
Defesa tem sofrido o triplo de gols
Se o ataque tem marcado proporcionalmente o mesmo número de gols do que na Série A2, a defesa tem sofrido o triplo. Em 21 jogos na Série A2, a Lusa sofreu nove gols, o que representa uma média de um gol sofrido a cada três jogos. Na Copa Paulista, a Portuguesa foi vazada 10 vezes em 10 jogos, ou seja, tem tomado um gol por jogo.
Vale relembrar que o miolo de defesa da Portuguesa fez uma Série A2 excepcional. Dos nove gols sofridos pelo time no estadual, apenas um pôde ser considerado uma falha de um dos zagueiros. Esse gol foi justamente no primeiro jogo da final contra o São Bento, quando Naldo acabou marcando contra.
O centro da defesa da Portuguesa foi justamente o setor que sofreu mais mudanças em relação ao time da Série A2. Das cinco duplas que a Lusa usou no estadual, apenas uma foi repetida na Copa Paulista: Luizão Silva e Naldo, na primeira rodada. Eles haviam atuado juntos em uma partida da Série A2. Dos 10 gols sofridos na Copa Paulista, quatro, sendo dois pênaltis cometidos, tiveram participação direta de um dos zagueiros.
Discrepância entre grupos pode ser alento para a Portuguesa
O discurso de que a Portuguesa estava no grupo mais difícil da Copa Paulista foi bastante usado pelos jogadores e pelo treinador Sérgio Soares durante a primeira fase. Mas isso é verdade? Só será possível ter certeza após as quartas de final. De qualquer modo, é um argumento válido. Antes da Copa Paulista começar, o Escanteio SP já havia comentado sobre a discrepância de investimento dos times dos grupos 1 e 3 com as equipes do grupo 2.
Curiosamente, o Desportivo Brasil, adversário nas quartas de final da Copa Paulista e líder do grupo 2, viveu uma situação completamente oposta à da Lusa. O DB fez uma campanha ruim na Série A3 e brigou contra o rebaixamento em boa parte do campeonato, mas mudou da água para o vinho na Copa Paulista. O treinador Fábio Toth, ex-auxiliar de Fernando Marchiori na própria Portuguesa, conseguiu fazer a equipe jogar um futebol vistoso e aplicado taticamente com muitos remanescentes da Série A3.
O time de Porto Feliz, entretanto, já sofreu uma baixa importante para os duelos contra a Portuguesa. Artilheiro da Copa Paulista com sete gols em oito jogos, o atacante Wallisson Bahia deixou o Desportivo Brasil para jogar no Nacional da Ilha da Madeira, time que disputa a segunda divisão do Campeonato Português.
Buscando melhorar a defesa e manter a boa produtividade no ataque, a Lusa terá que vencer o Desportivo Brasil na soma dos placares das quartas de final para ficar com a classificação. Por ter melhor campanha, o DB avança com dois resultados iguais. Agora, cabe à Portuguesa voltar a ser o time da Série A2 para manter vivo o sonho de vencer a Copa Paulista e ter calendário nacional em 2023.
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