O que os times fizeram em 100 dias de paralisação da Série A2?
O Campeonato Paulista da Série A2 completa nesta quarta-feira 100 dias de paralisação por conta da pandemia da Covid-19. Sem jogos, os times perderam receitas de patrocínio e transmissão e tiveram que se adaptar à nova realidade financeira.
Com um mês de paralisação, a Federação Paulista de Futebol e os clubes da Série A2 definiram que a competição será encerrada em campo. No entanto, ainda não há uma data planejada para a retomada, que, segundo o presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, será depois da Série A1. Os clubes estão à espera de uma nova reunião.
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Veja a seguir o que aconteceu com cada clube durante os 100 dias de paralisação:
Atibaia – 11º, 14 pontos
Sem tempo para esperar a cota da transmissão, o Atibaia rescindiu o contrato com a maioria dos jogadores e aguarda uma definição da FPF para formar um novo time. Destaque do Falcão e eleito para a Seleção do Escanteio, o meia Judson deve ficar no clube para a retomada da competição. O zagueiro Wesley Barbosa, porém, acertou com o Atlético Cajazeiras, da Paraíba.
Audax – 10º, 15 pontos
Ao contrário da maioria dos clubes, o Audax vive situação mais confortável: a maioria dos atletas tem contrato longo e, portanto, boa parte do elenco se manteve. Além disso, o clube de Osasco fez acordos com os jogadores cujos contratos venceriam em abril ou maio. Com base na CLT, o Audax reduziu em 25% o salário dos jogadores e demais funcionários. O meio-campista Kallyl, entretanto, deixou o clube.
Juventus – 7º, 18 pontos
No final de abril, o elenco propôs à diretoria a renovação dos contratos com redução salarial para R$ 1045,00. Dessa forma, os jogadores continuariam empregados, recebendo o salário mínimo, e o clube manteria o elenco até o final da Série A2. A direção do clube, porém, ainda não aceitou ou recusou oficialmente a proposta, muito por conta do déficit financeiro que o clube acumulou no período de pandemia. Independentemente disso, o artilheiro Léo Castro, que estava emprestado ao clube pela Ferroviária, dificilmente ficará no Juventus.
Monte Azul – 4º, 19 pontos
O Monte Azul, que completou 100 anos de existência durante a paralisação, sofreu perdas importantes: o artilheiro Marcos Paulo e o meio-campista Gabriel de Souza foram para o Boa Esporte, de Minas Gerais. Em entrevista ao Escanteio SP, Marcelo Cardoso, presidente do clube, revelou que o AMA dispensou funcionários e fechou as portas temporariamente, mas espera uma definição da FPF para recontratar os jogadores.
Penapolense – 15º, 9 pontos
Após manifestar seu pessimismo quanto à retomada da Série A2, o Penapolense voltou atrás e agora aguarda apenas um data de retorno para recontratar os jogadores. Nilso Moreira, presidente do clube, revelou que já tem apalavrado um acordo com a maioria dos atletas para que voltem ao CAP a fim de finalizar a competição e fugir do rebaixamento.
Portuguesa – 8ª, 18 pontos
A Lusa firmou pré-contrato com a maioria dos jogadores e deve manter suas princiais peças para a retomada da competição, exceto a Léo Pereira, que não aceitou a proposta e foi para o Treze-PB. O atacante Wallace Lima, titular nas últimas partidas antes da pausa, também não fica. Por outro lado, a Lusa acertou com quatro reforços: o zagueiro Ícaro, o meia Mineiro e os atacantes Diego Rosa e Anselmo.
A Portuguesa ainda realizou uma série de ações de marketing para ganhar fôlego financeiro no ano do centenário e já até criou um protocolo para a retomada dos treinos. O documento, inclusive, deve ser divulgado nos próximos dias.
Portuguesa Santista – 3ª, 20 pontos
Com problemas financeiros por conta da paralisação, a Portuguesa Santista não renovou com os atletas cujos contratos terminaram em abril e maio, o que corresponde a grande maioria do elenco. O técnico Sérgio Guedes, dono do trabalho mais duradouro do futebol paulista, também foi dispensado e detonou a diretoria. Elder Campos, que estava no sub-20 da Briosa, assumiu o time principal.
A Briosa ainda fez uma parceria com a empresa de Marcelo Galático, que assumirá a gestão do clube até o final deste ano. Entre os pilares da equipe nas primeiras 12 rodadas da Série A2, só os meias Galego e Gabriel Terra e o zagueiro Brumati têm contrato vigente. Terra, porém, deve deixar a Portuguesa Santista nos próximos dias.
Red Bull Brasil – 14º, 10 pontos
Por ser um time B do Red Bull Bragantino, com jogadores sub-23, o Red Bull Brasil não tem problemas de elenco no momento: todos os jogadores têm contrato até pelo menos o final de 2020 e alguns até 2021.
Rio Claro – 13º, 13 pontos
Segundo o presidente Dayvid Medeiros, o Rio Claro não conseguirá manter todo o elenco da Série A2. 17 jogadores ficaram sem contrato até maio e, por isso, o clube deve contar com atletas da base para terminar a competição. Com boa distância para a zona de rebaixamento e longe do G8, o Galo Azul não deve fazer esforço financeiro para a retomada da Série A2, tanto é que o presidente Dayvid Medeiros até se ofereceu para completar os treinos se necessário.
São Bento – 9º, 18 pontos
O São Bento, que disputará a Série C do Campeonato Brasileiro, assinou com a maioria dos jogadores para o ano todo, mas por conta da redução salarial, o clube de Sorocaba perdeu o zagueiro Flávio Boaventura e o meia Diego Tavares. Além disso, o zagueiro Victor Sallinas e o atacante Sávio, que estavam emprestados, não seguem no Bentão.
São Bernardo – 1º, 22 pontos
Líder da Série A2, o São Bernardo tem um poderio financeiro maior que os demais clubes pelo investimento de Roberto Graziano, dono da Magnum, empresa de relógios. O Bernô, que hoje é um clube-empresa, renovou com todos os pilares do elenco e tem um projeto ambicioso, querendo o acesso e o título da Copa Paulista para disputar a Série D do Brasileiro no ano que vem.
São Caetano – 7º, 18 pontos
O São Caetano teve a paralisação mais eventuosa dentre os 16 clubes. O Azulão desistiu de disputar o Campeonato Brasileiro Série D e voltou atrás no início de maio. Além disso, o clube renovou com os zagueiros Sandoval e Domingos, mas perdeu o também zagueiro Matheus Salustiano para a Ferroviária. O atacante Bruno Moares não renovou, assim como o meia Madson. Além disso, o meio-campista Jean Dias foi para o Criciúma recentemente. Fora dos gramados, o diretor Paulo Pelaipe também deixou o Azulão.
Apesar da maioria do elenco ter contrato até o fim do ano para disputar Paulista e Brasileiro, o treinador Alexandre Gallo revelou que o clube deve acertar com alguns reforços.
Sertãozinho – 12º, 14 pontos
O Sertãozinho vive o maior impasse da Série A2. O Touro dos Canaviais deve os salários de março e abril para a maioria do elenco. O clube tentou um acordo coletivo com os jogadores, que não aceitaram a proposta e reivindicavam o valor integral. Em entrevista ao Escanteio SP, Magrão desabafou e disse que o clube sequer retorna suas ligações.
Taubaté – 2º, 21 pontos
O Taubaté não tem nenhum jogador titular da Série A2 com contrato vigente, mas tem esperança de que consiga manter todos. Gilsinho, presidente do clube, revelou um plano para quitar os salários atrasados e propor novos contratos. Carlos Arini, diretor de futebol, tem feito reuniões constantes com os atletas, que parecem ter comprado a ideia do clube e devem ficar para tentar colocar o Burro da Central de volta à elite do estado após mais de 35 anos. Apesar disso, alguns jogadores estão se tornando alvos de times que disputarão competições nacionais no segundo semestre.
Votuporanguense – 16º, 9 pontos
O Votuporanguense chegou a comunicar publicamente que só jogaria em 2021, mas voltou atrás por conta do contrato firmado com a Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão da Série A2. Lanterna da competição, o CAV segue a favor do fim do estadual, mas se isso não acontecer, o clube quer que não tenha rebaixamento. O presidente Marcelo Strngari exaltou o fato de a equipe não ter salários atrasados e falou até em fair play financeiro para manter o Votuporanguense na Série A2.
XV de Piracicaba – 5º, 19 pontos
O XV de Piracicaba já definiu o elenco para a retomada da Série A2. Com o R$ 1,2 milhão embolsado por chegar na segunda fase da Copa do Brasil, o Nhô Quim renovou o contrato da maioria do plantel. Apenas jogadores que não vinham atuando não foram procurados pela renovação. Desde o fim do mês passado, o clube já vem reunindo os atletas para treinos virtuais.
Quando a Série A2 volta?
Nas últimas semanas, o Escanteio SP noticiou uma série de declarações do presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, sobre o retorno da Série A2. A Série A1 servirá de laboratório para a A2, então a tendência é de que a competição volte, na melhor das hipóteses, em meados de agosto.
O presidente da FPF também mantém a posição de que a Série A2 será decidida dentro de campo e os clubes que desistirem terão que encarar a Justiça Desportiva, podendo até culminar no descenso. As equipes, entretanto, seguem aguardando uma nova reunião com a entidade e devem propor que a competição não tenha rebaixamento.
Em meio a isso, o retorno de outros estaduais está se tornando uma ameaça aos clubes da Série A2, enquanto a nova Medida Provisória pode ser importante para as equipes economizarem na remotagem dos elencos.
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— Escanteio SP (@EscanteioSP) May 2, 2020